sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Noturno



   Por um simples motivo esse livro já pode ser considerado relevante: é um livro sobre vampiros, lançado em 2009, onde os vampiros não viram purpurina quando saem ao Sol... Foi legal ler um livro recente, sobre vampiros, que aborda o tema de maneira bastante adulta, diferentemente da onda de vampiros teen que invadiu o mundo atualmente.
   A história começa com um Boeing, que vindo de Berlim, pousa no aeroporto JFK, em Nova York. Após o pouso, os funcionários do aeroporto estranham o estado em que o avião se encontra - completamente apagado, desligado e com todas as janelas fechadas. Como não recebem nenhuma resposta aos contatos tentados pelo rádio, começam a tratar o caso com muito cuidado, considerando que pode ser um ataque terrorista ou biológico. Quando finalmente - e após todos os cuidados necessários - o avião é aberto, o que os aguarda é mais surpreendente do que eles imaginavam. E o terror só aumenta quando descobrem que esse evento é apenas o primeiro de uma invasão que se estenderá por todo o país e talvez até por todo o mundo.
    Na minha opinião, a característica mais importante do livro é que, mesmo retratando os vampiros como um mal ancestral, eles são combatidos como um problema de saúde pública - como se fossem uma epidemia. E é bem interessante a maneira como é contada a história, por vezes mostrando os efeitos da invasão na cidade como um todo, por vezes mostrando os efeitos apenas numa família ou em uma pessoa. Os protagonistas são personagens muito bem criados e que só fazem aumentar o interesse pelo desfecho da história.
    Embora se tratando de um assunto fantástico, a história é contada de maneira bem real, fazendo refletir se não é isso mesmo o que aconteceria de verdade, caso um evento assim ocorresse mesmo.
    Esse é um daqueles livros impossíveis de se largar, depois que se começa a ler, e possui um dos começos mais tensos que eu já vi. É o primeiro livro de uma trilogia e eu estou ansioso pelos próximos, que ainda não foram lançados.


Dados Técnicos:
Nome em Português: Noturno
Nome Original: The Strain
Autores: Guillermo del Toro / Chuck Hogan
Editora: Rocco
Número de Páginas: 464
Edição: 1ª, 2009
ISBN: 978-85-3252-463-8
Link para Compra: Submarino

sábado, 11 de setembro de 2010

Sir Gawain and the Green Knight / Pearl / Sir Orfeo



   Já comentei na análise do livro Os Filhos de Húrin que sou fã incondicional do Tolkien. E por isso, faço questão de comprar todos os livros dele. Infelizmente, não foi lançada aqui no Brasil muita coisa que o Tolkien ou seu filho publicaram lá fora. Um desses livros é justamente Sir Gawain and The Green Knight / Pearl / Sir Orfeo, porém este não foi escrito por Tolkien. Os textos do livro foram escritos por desconhecidos autores medievais ingleses e traduzidos do inglês arcaico para o inglês moderno por Tolkien. Quando decidi comprar esse livro eu sabia que estava me propondo um desafio: ler poesia medieval inglesa e entendê-la... Mas por que isso era um desafio? Em primeiro lugar, não gosto de poesia. Em segundo lugar, meu inglês não é ótimo e eu constatei que, como eu já desconfiava, para ler poesia medieval inglesa o seu inglês tem que ser ótimo... Mas posso dizer que passei parcialmente no teste, já que consegui a duras penas concluir (e entender) o primeiro texto Sir Gawain and The Green Knight. Já os outros dois... Como eu só entendi o primeiro texto, vou comentar apenas sobre ele.
   Sir Gawain and The Green Knight é um romance em poesia que, ao invés da rima tradicional, usa a aliteração (onde há a repetição de sons consonantais semelhantes em cada verso). O texto conta a história de Sir Gawain, um cavaleiro da Távola Redonda. Durante uma reunião, o Rei Arthur é desafiado por um estranho cavaleiro que é completamente verde (pele, cabelo, barba, armadura, etc.), mas Gawain aceita o desafio no lugar do Rei e tem início a sua jornada.

   Apesar de ser uma leitura um tanto difícil eu gostei da história, o que me fez perseverar. Embora o livro conte com um glossário, várias vezes tive que recorrer ao dicionário.
   Quanto aos outros dois textos, foram "poéticos" demais para mim e como as histórias acabaram não chamando muito a minha atenção, acabei desistindo. Essa é portanto uma leitura recomendada apenas para quem tem um forte conhecimento do inglês ou para quem tem paciência para ficar consultando o dicionário.

Dados Técnicos:
Nome em Português: N/A
Nome Original: Sir Gawain and the Green Knight / Pearl / Sir Orfeo
Autor: desconhecido

Tradutor: J. R. R. Tolkien
Editora: Ballantine Books
Número de Páginas: 214
ISBN: 978-0-345-27760-2
Link para Compra: Amazon

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Os Filhos de Húrin



   Eu sou muito suspeito para escrever algo sobre uma obra de Tolkien, já que é o meu autor favorito, então se alguém achar que eu não estou sendo imparcial nesta análise, não estou sendo mesmo...
   Primeiro gostaria de exaltar o esforço de Christopher Tolkien, já com 86 anos, para editar e publicar tudo o que seu pai produziu. Apenas neste livro, Christopher dedicou 12 anos trabalhando sobre materiais inacabados de seu pai, unindo tudo numa única narrativa, com um mínimo de interferência editorial.
   Quando Tolkien começou a escrever os contos reunidos em O Silmarillion, ele já pensava que três deles seriam mais extensos e elaborados: Beren e Lúthien, Túrin Turambar e A Queda de Gondolin. E de fato, ler esses contos nos deixa ansiosos por mais. Parte dessa ansiedade foi satisfeita com o lançamento do livro Contos Inacabados, que contém a história de Túrin Turambar, com alguns elementos a mais do que em O Silmarillion. Agora, finalmente, a história de Túrin é contada integralmente no livro Os Filhos de Húrin. E o mais importante, é que não é preciso ter lido O Silmarillion para entender a história, o que era desejado por Tolkien (embora a leitura de O Silmarillion seja recomendadíssima para qualquer apreciador da literatura de fantasia).
   O livro narra a trágica e amaldiçoada vida dos irmãos Túrin e Niënor, odiados por Morgoth (o Senhor do Escuro) por serem filhos do homem que ousou desafiá-lo. Contra eles, Morgoth envia seu servo Glaurung, um enorme dragão sem asas. No livro acompanhamos a vida de Túrin, até que o seu destino e o de Niënor são tragicamente entrelaçados. Esse é certamente o conto mais sombrio escrito por Tolkien.
   Um ponto positivo desta edição é que ela é belamente ilustrada pelo mestre Alan Lee, um dos responsáveis pelos concept arts dos filmes de O Senhor dos Anéis.
   Um ponto negativo é a tradução, que conta com algumas diferenças em relação aos outros livros de Tolkien publicados no Brasil. Por exemplo, a "Batalha das Lágrimas Incontáveis" se transformou na "Batalha das Lágrimas Sem Conta" e a raça dos "Anões" se transformou na raça dos "Ananos". São diferenças sutis (exceto a dos ananos, nome com o qual até agora não me acostumei), mas que podem incomodar os fãs mais tradicionais (eu por exemplo).
   Esta edição ainda conta com um mapa de Beleriand e das terras do norte, algumas árvores genealógicas, uma lista de todos os nomes que aparecem no texto e um apêndice onde é tratada as tentativas de Tolkien para alcançar a forma final dos três contos e sobre a composição do texto do livro.


Dados Técnicos:
Nome em Português: Os Filhos de Húrin
Nome Original: The Children of Húrin
Autor: J. R. R. Tolkien
Editora: wmf martinsfontes
Número de Páginas: 340
Edição: 1ª, 2009
ISBN: 978-85-7827-198-5
Link para Compra: Submarino

segunda-feira, 14 de junho de 2010

As Crônicas de Nárnia



   Confesso que quando comecei a ler 'As Crônicas de Nárnia' a minha expectativa não era muito alta não. Na verdade, eu só comprei esse livro porque estava quase de graça (R$ 14,90) na loja Submarino. Mas eu estava errado: poucas vezes um livro prendeu tanto a minha atenção e me fez "viajar" na história como esse. Eu descobri porque C. S. Lewis é tão respeitado e porque 'As Crônicas de Nárnia' são tão cultuadas mundo afora.
   Nárnia é um mundo deslumbrante, cheio de mistérios e povoado por criaturas e animais falantes, ricamente descritos por C. S. Lewis, que tem uma maneira bem peculiar de escrever, sem focar muito nas batalhas e se preocupando mais com as sensações e situações vivenciadas pelas crianças protagonistas das histórias. E ele faz isso com maestria, fazendo com que o leitor, diversas vezes, se imagine naquelas situações. Gostaria de destacar uma cena da crônica 'O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa' que mostra bem isso. Nela as crianças estão viajando a duras penas pela neve até que finalmente encontram a toca dos castores, que os recebem e preparam um jantar improvisado, porém delicioso. As crianças ajudam o Sr. Castor a pescar os peixes e Sra. Castor a prepará-los. A sensação de ajudar no preparo faz com que as crianças aproveitem ainda mais o banquete, que é detalhadamente descrito pelo autor, e apesar de a combinação de alguns ingredientes não ser convencional para o nosso paladar, a gente imagina a deliciosa sensação de ter o frio espantado e a fome saciada que as crianças sentiram.
   Esta edição contém todas as 7 crônicas encadernadas, seguindo a ordem cronológica das histórias (que é razoavelmente diferente da ordem de publicação). O único elemento comum a todas as crônicas e o leão-divindade Aslam, que é ao mesmo tempo amado e temido pelos narnianos. Seguem abaixo breves descrições das crônicas, sem muitos spoilers:
  • O Sobrinho do Mago: Nesta primeira crônica é contada a história do surgimento de Nárnia, testemunhada por duas crianças (Digory e Polly) que chegam àquele mundo em criação utilizando anéis mágicos criados pelo tio de Digory. Esta crônica explica vários elementos que aparecerão nas outras crônicas, como porque existe um lampião no meio da floresta e de onde veio a Feiticeira Branca.
  • O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa: Esta foi a primeira crônica publicada por C. S. Lewis e conta como os quatro irmãos Pevensie (Pedro, Edmundo, Suzana e Lúcia) chegaram em Nárnia e ajudaram a combater a tirana Feiticeira Branca.
  • O Cavalo e Seu Menino: Esta crônica, de nome criativo, tem menos relação com as outras crônicas e conta como o menino Shasta, com a ajuda do cavalo Bri e de outros, foge da escravidão na Calormânia e viaja em busca do seu destino -- salvar Nárnia.
  • Príncipe Caspian: Os quatro irmãos Pevensie voltam a Nárnia, numa outra era (em Nárnia o tempo passa de forma diferente da Terra e enquanto para os irmãos apenas 1 anos se passou desde a última aventura, em Nárnia já se passaram 1300 anos) para ajudar o Príncipe Caspian a derrotar os telmarinos que a dominaram e para isso eles precisam derrotar o falso-rei Miraz, tio de Caspian.
  • A Viagem do Peregrino da Alvorada: Dois dos irmãos Pevensie (Edmundo e Lúcia) retornam a Nárnia, junto de seu incômodo primo Eustáquio. Juntos de Caspian (que já era o rei de Nárnia) e do rato Ripchip, eles viajam a bordo do navio Peregrino da Alvorada com o objetivo de encontrar 7 fidalgos que foram expulsos de Nárnia pelo tirano rei Miraz. Eles passam por diversas ilhas, cada uma com os seus perigos, e cumprirão o seu objetivo nem que tenham que navegar até o fim do mundo.
  • A Cadeira de Prata: Eustáquio retorna à Nárnia, junto de sua colega de escola Jill, por vontade do próprio Aslam. Sua missão é encontrar o Príncipe Rilian que está desaparecido há muito tempo e que Aslam afirma ainda estar vivo. Na sua jornada terão uma inusitada ajuda -- Brejeiro, a mais pessimista das criaturas.
  • A Última Batalha: Na última crônica é narrado como o último rei de Nárnia, Tirian, com a valiosa ajuda de Eustáquio, Jill e outros, tenta desmascarar um falso Aslam e impedir uma invasão de Nárnia pelos calormanos.
   A edição que eu comprei ainda conta com um artigo escrito por C. S. Lewis, "Três Maneiras de Escrever para Crianças", que encerra brilhantemente esta incrível série de crônicas. Resumindo, este é um livro mais do que recomendado, é quase uma leitura obrigatória.

Dados Técnicos:
Nome em Português: As Crônicas de Nárnia
Nome Original: The Complete Chronicles of Narnia
Autor: Clive Staples Lewis
Editora: wmf martinsfontes
Número de Páginas: 752
Edição: 2ª, 2009
ISBN: 978-85-7827-069-8

Link para Compra: Submarino 

The Beginning...

Vou aproveitar esta primeira postagem para explicar os meus objetivos ao criar esse blog.
  1. Sugerir leituras. Porém, sugerir as leituras fazendo uma análise do livro com as minhas impressões e opinião pessoal. E justamente porque pretendo fazer análises que sejam bem feitas e interessantes, não sei qual será a frequência de atualização do blog. Vou tentar fazer pelo menos uma atualização por semana...
  2. Listar livros. Como eu só vou escrever sobre os livros que eu tenho, e eu só tenho livros de gêneros que eu gosto (ou seja, geek), vou acabar fazendo uma lista legal deles...
  3. Exercitar a minha escrita. Esse objetivo é meio egoísta, mas esse blog vai funcionar para mim como um exercício de escrita. Comentários sobre a ortografia e a gramática utlizada no blog também são bem vindos.
Eu acho que é isso. E fica aquela sugestão clássica: se gostou elogie, se não gostou critique. O importante é que todos participem...